- Ingênuo sonho !

Gostaria de fazer com que sentisse tudo que eu sinto quando ele está por perto. Se sentisse os calafrios, os arrepios e as milhões de borboletas que invadem meu estômago; se suas pernas lhe transmitissem a sensação de estar pisando em nuvens; se visse os olhos que, por se parecerem com duas estrelas, faziam meus olhos brilharem; se tivesse, alguma vez na vida, a visão doce de vê-lo cantarolando uma de nossas canções; se seu coração batesse em notas musicais, então poderia sentir o que sinto.
Falta. Do toque, da maciez, do cheiro bom e da voz. Porque a gente se acostuma e quer de volta ou não quer perder nunca, só para não ter que usar um verbo tão simples, mas que faz doer - voltar.
Lá no fundo, lá dentro, lá naquele lugarzinho quente - eu me recuso a tirá-lo de lá. Mesmo que aperte de vez em quando, mesmo que o que tenha lá seja só um amontoado de lembranças.
Eu ainda quero, mais do que devia e muito mais do que aparento.
Por querer preencher esse vazio que é todo dele, só pra encostar a cabeça no fortinho do seu peito.
Mas o que se faz quando duas vidas estão tão distantes e de repente a vontade e o sonho do retorno e de passar por todas essas sensações irritantemente desconsertantes parecem um simples e ingênuo sonho ?